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Que as duas «intempestivas» conhecidas pelos nomes de Schopenhauer e Wagner possam especialmente servir para compreender ou até só para pôr o problema psicológico de um e outro, isso não o pretendo, excepto, como é obvio, em alguns pormenores. Assim, por exemplo, ficou já definido ali com profunda segurança de instinto o que há de elementar na natureza de Wagner como homem de teatro, qual a origem das suas intenções e recursos de expressão. No fundo, com estes dois trabalhos, quis fazer coisa muito diferente de psicologia: um conceito de educação que não tem seu igual, um novo critério de auto-disciplina, um sentido de afirmação pessoal que não recua perante a necessidade de ser duro, um caminho para a grandeza e para assumir deveres à grande escala do mundo, alcançaram assim a sua primeira forma. Pode dizer-se que eu agarrei pelos cabelos dois tipos famosos, ainda não bem fixados, como se agarra pelos cabelos uma oportunidade de exprimir uma coisa, para assim passar a dispor de mais um par de fórmulas, de sinais, de meios de comunicação. Está isto, aliás, indicado por modo bem inquietante na página 93 da terceira intempestiva.