Da mesma forma Platão Se serviu de Sócrates como de uma semiótica platónica.
Hoje que eu, de alguma maneira, volto a olhar para aqueles estados de ânimo de que são testemunhos os escritos citados, não pretendo de modo algum negar que, no fundo, só de mim neles se trata. O escrito Wagner em Bayreuth é uma visão do meu futuro; em contrapartida, no Schopenhauer como Educador descreve-se a minha história, o meu devir. Acima de tudo, a minha apologia!... O que hoje sou, o lugar em que me encontro, a tal altura que já não falo com palavras mas com raios - oh!, como então estavam ainda longe...! Via, no entanto a terra - e não me enganava sequer um instante nem quanto ao caminho, nem quanto ao destino, nem quanto ao perigo, nem quanto ao êxito. Que grande tranquilidade em prometer, que olhar alegre para um futuro que não há-de ficar em promessa! Aqui cada palavra vive, é íntima, é profunda; nem faltam instâncias dolorosíssimas havendo palavras que propriamente manam sangue. Sobretudo, porém, sopra um vento de ampla liberdade; a própria dor não aparece como objecção.
A maneira como entendo o filósofo, matéria explosiva perante a qual tudo está em perigo, como separo, a uma distância de mil léguas, o meu conceito de «filósofo» de um conceito que até mesmo Kant mantém ainda, para já não falar dos «ruminantes» académicos e de outros professores de filosofia: são coisas sobre as quais aquele escrito oferece preciosas indicações, notando ainda que, no fundo, quem ali fala não é Schopenhauer, como educador, mas o seu contrário, Nietzsche, como educador.
Tendo em consideração que o meu ofício era então o de erudito e ainda talvez que entendia do meu ofício, não é de somenos importância aquele duro fragmento sobre