Percebeu que Mary Jane devia estar quase no fim da peça, porque tocava de novo a melodia da abertura e, enquanto esperava, todo o ressentimento lhe morreu no coração. O trecho terminou com um. trilo de oitavas.
Aplaudiram muito Mary Jane e ela, corando e enrolando nervosamente as músicas, abandonou o aposento. Os quatro jovens que tinham saído da sala e que só haviam voltado quando o piano silenciara, aclamavam vigorosamente.
Depois, foram dançar os lanceiros. Gabriel achou-se ao lado de Miss Ivors. Era uma senhora faladora e de maneiras francas, com um rosto sardento e olhos castanhos proeminentes. No broche que estava preso na frente da sua gola, figurava uma divisa irlandesa.
Quando estavam nos seus lugares, ela disse, repentinamente:
- Tenho um assunto a discutir consigo!...
- Comigo?
A rapariga baixou a cabeça com gravidade. - O que é? -perguntou Gabriel, sorrindo daquele ar solene.
- Quem é G. C.? - indagou Miss Ivors. Gabriel corou e estava quase para levantar as sobrancelhas, como se não percebesse, quando ela disse explicitamente:
- Oh, alma inocente!... Descobri que você escrevia para o Daily Express!... Então não tem vergonha?..
- Por que razão hei-de ter vergonha? - perguntou Gabriel, franzindo os olhos e tentando sorrir.