O Vale do Terror - Cap. 3: Capítulo 3 – A Tragédia de Birlstone Pág. 22 / 172

Apesar disso, ainda que olhado com certa reserva por parte, dos vizinhos, granjeou grande popularidade entre os moradores dia vila, contribuindo generosamente palra todos os empreendimentos locais e comparecendo aos seus concertos em salas cheias de fumo e a outras diversões, nas quais, como possuía voz de tenor de magnífico timbre, estava sempre pronto a deleitá-los com uma excelente canção.

Parecia ter muito dinheiro que, segundo constava, fora ganho nas regiões auríferas da Califórnia e, conforme ele e a mulher diziam, não havia dúvida de que passara boa parte da sua existência na América. A boa impressão produzida pela sue generosidade e atitudes democráticas engrandecia-se graças à fama adquirida de completa indiferença ao perigo. Não obstante ser péssimo cavaleiro, comparecia a todas as reuniões hípicas sofrendo as mais incríveis quedas devido à sua determinação de igualar-se aos melhores. Quando a casa paroquial se incendiou, ele distinguiu-se pela maneira como entrou no edifício para tentar salvar os objectos mais preciosos, depois de o corpo de bombeiros local ter renunciado à empresa, dando-a como impossível. E foi assim que John Douglas, ao cabo de cinco anos de Birlstone, ficou com óptima reputação.

Sua mulher também era estimada, apesar de, segundo o hábito inglês, serem poucas e espaçadas as visitas a pessoas desconhecidas que passassem a residir no condado, sem nenhuma apresentação. Isto pouco lhe importava, pois o seu retiro era voluntário e parecia achar-se inteiramente absorvida a cuidar do marido e da casa. Sabia-se que era inglesa e que conhecera Mr. Douglas, viúvo, em Londres. Dotada de grande beleza, alta, morena e esbelta, contava vinte anos menos que o marido, disparidade que de modo algum parecia perturbar a paz da vida conjugal.





Os capítulos deste livro