A casa senhorial, com os seus inúmeros torreões e as suas minúsculas janelas de Vidraças em forma de losangos, ainda conserva o estilo que o primeiro construtor lhe dera, no princípio do século dezassete.
Dos dois fossos circundantes, que tinham protegido e aproveitado para servir modestamente como horta, o interno era ainda conservado, rodeando a casa, e media cerca de 13 metros de largura, embora tivesse agora apenas meio metro de profundidade. Era servido por um pequeno regato que não lhe dava a aparência de estagnado ou insalubre. As janelas do rés-do-chão elevavam-se a quarenta centímetros da superfície da água. O acesso à casa era feito exclusivamente através de uma ponte levadiça, cujas correntes se encontravam quebradas e cobertas de ferrugem até que os últimos inquilinos da mansão consertaram tudo, com grande zelo, e a ponte levadiça não só estava em condições de funcionar, como eira baixada todas as manhãs e erguida todas as noites. Deste modo, renovando o costume da velha época feudal, a casa senhorial convertia-se, durante a noite, numa ilha.
A casa estava desabitada e ameaçava desfazer-se em ruínas, quando os Douglas decidiram habitá-la. Resumia-se esta família apenas a duas pessoas: John Douglas e sua mulher. Douglas era um homem singular. Contando cerca de cinquenta anos, possuía um rosto enérgico, maxilares salientes, bigode grisalho, olhos verdes extraordinariamente penetrantes e um corpo musculoso, cheio de vigor, que nada perdera da actividade da juventude.
Alegre e cordial para com todos, mostrava-se às vezes extemporâneo nas suas maneiras, o que deva a impressão de ter sido criado num nível social infinitamente inferior ao da sociedade do condado de Sussex.