O Vale do Terror - Cap. 6: Capítulo 6 – Uma Réstia de Luz Pág. 59 / 172

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- O outro haltere?

- Santo Deus, Watson! É possível que ainda não tenha compreendido que todo o caso gira em torno do haltere desaparecido? Ora, amigo, não precisa de ficar envergonhado, pois não creio que o inspector Mac, nem aquele outro excelente polícia local, tenham lobrigado a extraordinária importância deste pormenor. Um único haltere, Watson! Poderá existir um atleta que se sirva apenas de um? Imagine o desenvolvimento unilateral, o risco iminente de deformação da espinha dorsal. É absurdo, Watson, não lhe parece?

Mastigando uma torrada e com os olhos cintilantes de malícia, divertia-se a observar a minha confusão mental. Bastava reparar no seu óptimo apetite para ter uma garantia de êxito, pois recordava-me perfeitamente de dias e noites nos quais ele nem pensava em alimentar-se quando se mantinha confuso perante um problema insolúvel, e o rosto, já de si tão magro e descamado, ainda mais se lhe adelgaçava no ascetismo de uma completa concentração mental. Acendeu, por fim, o cachimbo e, sentando num canto da chaminé da velha hospedaria, pôs-se a falar lenta e desordenadamente sobre o caso, mais como quem pensa em voz alta, do que como exprimindo um juízo já reflectido.

- Uma mistificação, Watson, um embuste imenso, formidável, eis o que se nos apresenta de início. Eis o nosso ponto de partida. Toda a história contada por Barker é uma falsidade. Mas essa história é corroborada por Mrs. Douglas; portanto, ela também está a mentir. Ambos mentem, e de comum acordo. Aqui estamos, pois, em face de um problema nítido: por que mentem e qual será a verdade que ambos procuram tão desesperadamente ocultar?

Vejamos se nós os dois conseguimos desmascarar essa mistificação e reconstituir a verdade.





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