- Não servem para nada… São uma pura manifestação de maldade!
-Oh!
Ficou calado. Depois, com um ar quase ressentido, disse:
-Não acredito! As flores são fracas. São muito ingénuas. Agarram-se ao que podem para se sentirem seguras. Pensam que toda a gente tem medo delas por causa dos espinhos...
Não respondi, porque nesse momento estava a pensar cá com os meus botões: "Se esta maldita porca não se desenrosca, dou-lhe uma martelada tão grande que até salta!" Mas o principezinho interrompeu outra vez tão altos pensamentos:
- E tu, tu achas que as flores...
- Não! Claro que não! Nem estava a pensar naquilo que te disse. Tenho coisas mais sérias com que me entreter!
Olhou para mim, perfeitamente estupefacto.
-Coisas mais sérias!
E ali estava eu, de martelo na mão, com os dedos todos sujos de óleo, debruçado sobre um objecto que lhe parecia horroroso.
- Estás a falar como as pessoas grandes!
Fiquei um bocado envergonhado. Mas o principezinho não teve dó de mim e continuou.
- Estás a confundir tudo... estás a baralhar tudo!
Estava, de facto, muito zangado. Sacudindo os seus cabelos dourados ao vento, gritava:
- Sei de um planeta onde há um senhor todo afogueado. Nunca cheirou uma flor. Nunca olhou para uma estrela. Nunca