O Principezinho - Cap. 18: Capítulo 18 Pág. 52 / 78

- Ah!... E então na Terra não há ninguém?

- Aquilo é o deserto. Nos desertos não há ninguém. A Terra é muito grande - disse a serpente.

O principezinho sentou-se numa pedra e levantou os olhos para o céu:

- Se calhar, as estrelas só estão iluminadas para que, um dia, cada um de nós possa encontrar a sua. Olha para o meu planeta. Está mesmo aqui por cima… Mas está tão longe!...

- O teu planeta é muito bonito - disse a serpente. - Mas o que é que tu vieste cá fazer?

- Foi por causa de uma flor - disse o principezinho.

- Ah! - disse a serpente.

E ambos se calaram.

- Onde é que estão os homens? - acabou finalmente por perguntar o principezinho. No deserto está-se um bocado sozinho…

- Também se está sozinho ao pé dos homens – disse a serpente.

O principezinho observou-a durante muito tempo e disse:

- Que bicho mais curioso que tu me saíste! Fininha como um dedo...

- Mas sou mais poderosa do que o dedo de um rei - disse a serpente.

O principezinho sorriu:

- Não és nada... Nem sequer tens patas... Nem sequer podes viajar…

- Mas posso levar-te mais longe do que um navio - disse a serpente.

Enroscou-se à volta do tornozelo do principezinho, como uma pulseira de ouro, e continuou:

- Quando toco em alguém, devolvo-o imediatamente à terra de onde veio. Mas tu és puro e vieste de uma estrela...

O principezinho não respondeu.

- Tenho dó de ti, assim, tão fraquinho, nesta Terra toda de granito. Um dia, se tiveres muitas saudades do teu planeta, eu posso ajudar-te. Posso...

- Oh! Escusas de continuar que eu já percebi tudo! - disse o principezinho. - Mas porque é que só falas por enigmas?

- Resolvo-os a todos - disse a serpente.

E ambos se calaram.





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