O Principezinho - Cap. 3: Capítulo 3 Pág. 6 / 78

um raio. Esfreguei os olhos. Voltei a olhar. E vi um menino perfeitamente espantoso a olhar para mim com um ar muito sério. Aqui ao lado está o melhor retrato que consegui fazer dele. Mas claro que o meu desenho é muito menos encantador do que o modelo. A culpa não é minha. As pessoas grandes obrigaram-me a desistir da minha carreira de pintor aos seis anos e eu não sabia desenhar nada, a não ser jibóias fechadas e jibóias abertas.

Tinha os olhos completamente esbugalhados de espanto.

Não se esqueçam de que eu estava a mais de mil e uma milhas de qualquer sítio habitado. Mas o meu rapazinho não parecia nem perdido, nem morto de cansaço, nem morto de medo. Não apresentava quaisquer sinais de ser uma criança perdida no meio do deserto, a mil e uma milhas de qualquer sítio habitado. Por fim, quando fui capaz de falar, perguntei-lhe:

- Mas... O que é que andas por aqui a fazer?

E ele voltou a repetir, muito de mansinho, como se se tratasse de uma coisa muito séria:

- Por favor... Desenha-me uma ovelha...

Quando um mistério é grande de mais, não nos atrevemos a desobedecer. Por muito absurdo que aquilo me parecesse, a mil e uma milhas de todos os sítios habitados e em perigo de morte, tirei uma folha de papel e uma caneta da algibeira. Mas lembrei-me que só tinha estudado geografia, história, matemática e gramática e (com um ar não muito satisfeito) disse ao menino que não sabia desenhar. Respondeu-me:

- Não faz mal. Desenha-me uma ovelha...

Como eu nunca tinha desenhado uma ovelha, fiz-lhe um dos dois únicos desenhos que sabia fazer. O da jibóia' fechada. E fiquei boquiaberto quando ouvi o rapazinho dizer:





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