O Principezinho - Cap. 25: Capítulo 25 Pág. 64 / 78

Íamos no oitavo dia da minha avaria no deserto e, enquanto o principezinho me contava a história do vendedor, eu tinha bebido a última gota da minha provisão de água.

- Ah! - disse eu para o principezinho. - É bem bonito, isso que tu me contas! Mas eu é que ainda não consertei o meu avião e já não tenho nada que beber! Olha que eu é que havia de ficar bem contente se me pudesse pôr a andar muito de mansinho à procura de uma fonte!

- A minha amiga raposa... - começou ele.

- Ó meu rico menino, agora já não se trata de raposas, nem de meias raposas...

- Porquê?

- Porque vamos morrer de sede...

Não percebeu o meu raciocínio e respondeu:

- É bom ter um amigo, mesmo quando se está para morrer. Eu cá estou bem contente por ter tido uma amiga raposa...

"Não tem a noção do perigo", pensei eu. "Nunca tem fome nem sede. Basta-lhe um bocadinho de Sol... "

Mas o principezinho olhou para mim e respondeu aos meus pensamentos:

- Também eu tenho sede... Vamos à procura de um poço...

Fiz um gesto de impotência: é perfeitamente absurdo uma pessoa pôr-se assim, às cegas, à procura de um poço na imensidão do deserto. - Mas lá nos pusemos em marcha.

Depois de termos caminhado horas e horas em silêncio, fez-se de noite e as estrelas começaram a brilhar. Via-as como em sonhos porque estava com uma ponta de febre por causa da sede.





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