Auto da Barca do Inferno - Cap. 7: Parte VI Pág. 19 / 41

Parte VI

Vem um Frade com ua Moça pela mão, e um broquel e ua espada na outra, e um casco debaixo do capelo; e, ele mesmo fazendo a baixa, começou de dançar, dizendo:

FRADE

Tai-rai-rai-ra-rão, ta-ri-ri-rão,

Ta-rai-rai-rai-rão, tai-ri-ri-rão,

tão-tão; ta-ri-rim-rim-rão Huha!

DIABO

Que é isso, padre? Que vai lá?

FRADE

Deo gratias! Sou cortesão.

DIABO

Sabês também o tordião?

FRADE

Porque não? Como ora sei!

DIABOPois, entrai! Eu tangerei

e faremos um serão.

Essa dama, é ela vossa?

FRADE

Por minha la tenho eu,

e sempre a tive de meu.

DIABO

Fezeste bem, que é fermosa!

E não vos punham lá grosa

no vosso convento santo?

FRADE

E eles fazem outro tanto!

DIABO

Que cousa tão preciosa!

Entrai, padre reverendo!

FRADE

Para onde levais gente?

DIABO

Pera aquele fogo ardente

que nom temestes vivendo.





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