Parte VIII Tanto que Brísida Vaz se embarcou, veio um Judeu, com um bode às costas; e, chegando ao batel dos danados, diz:
JUDEU
Que vai cá? Hou marinheiro!
DIABO
Que má-hora vieste!
JUDEU
Cuj’é esta barca que preste?
DIABO
Esta barca é do barqueiro.
JUDEU
Passai-me por meu dinheiro.
DIABO
E o bode há cá de vir?
JUDEU
Pois também o bode há-de ir.
DIABO
Que escusado passageiro!
JUDEU
Sem bode, como irei lá?
DIABO
Nem eu nom passo cabrões.
JUDEU
Eis aqui quatro testões
e mais se vos pagará.
Por vida do Semifará
que me passeis o cabrão!
Querês mais outro testão?
DIABO
Nenhum bode há-de vir cá.
JUDEU
Porque nom irá o judeu
onde vai Brísida Vaz?
Ao senhor meirinho apraz?
Senhor meirinho, irei eu?
DIABO
E