O Estranho Caso de Dr. Jekyll e Mr. Hyde - Cap. 8: Capítulo 8 Pág. 62 / 102

Isso fez com que se dirigissem para junto do fogão, onde a poltrona estava comodamente preparada e o serviço de chá disposto à altura do cotovelo de quem nela se sentasse, já com o açúcar no interior da chávena. Havia vários livros numa prateleira; um deles estava aberto junto do serviço de chá, e Utterson ficou surpreendido ao reconhecer um exemplar de uma obra religiosa, pela qual Jekyll, por diversas ocasiões, manifestara uma grande admiração, anotada pelo seu próprio punho com terríveis blasfémias.

Em seguida, no decurso da revista que passaram pelo aposento, os investigadores chegaram junto do espelho giratório, cujas profundezas sondaram com um horror involuntário. Mas, quando o reviraram, nada mais viram do que o brilho róseo das chamas bailando no tecto, multiplicando-se nas superfícies envidraça das dos armários, e os seus próprios semblantes pálidos e aterrorizados.

- Este espelho já assistiu a coisas muito estranhas, Sr. Utterson - sussurrou Poole.

- E, por certo, nenhuma delas será mais estranha do que ele próprio - ecoou o advogado com a mesma entoação. Para que queria Jekyll... - vacilou ao pronunciar a palavra e, logo, superando esse momento de fraqueza, prosseguiu: - Que poderia Jekyll querer fazer com ele?

- É uma boa pergunta! - observou Poole.





Os capítulos deste livro