Confesso que estes pormenores me causaram uma impressão desagradável; e, enquanto o seguia até à luz brilhante do consultório, não larguei a mão do revólver. Aqui, finalmente, tive a oportunidade de o ver claramente. Nunca antes lhe pusera a vista em cima, disso estou certo. Era baixo, como já o disse; para além disso, impressionara-me a expressão chocante do seu rosto, a sua notável combinação de intensa actividade muscular e grande debilidade visível na compleição e, finalmente - mas não menos importante -, a estranha perturbação subjectiva que me causava a sua proximidade. Este mal-estar assemelhava-se a uma espécie de calafrio e era acompanhado de um acentuado abrandamento do ritmo cardíaco. Naquele momento, atribuí tudo isto a uma repulsa pessoal e idiossincrática, embora tivesse ficado espantado com a intensidade dos sintomas; porém, desde então, tenho motivos para acreditar que a causa reside em profundezas muito mais recônditas da natureza humana e gira em torno de alguma circunstância mais nobre do que o princípio do ódio.
Esta pessoa (que, deste modo, desde o momento em que entrara, despertara em mim o que apenas posso descrever como uma curiosidade repugnante) estava trajada de uma forma que teria tornado ridículo qualquer homem vulgar; as roupas, por assim dizer, apesar de serem de uma fazenda cara e fina, eram demasiado grandes e desproporcionadas para o seu corpo - tinha as calças enroladas nas pernas para evitar arrastá-las pelo chão, a cintura do casaco descaída abaixo das ancas e o colarinho aberto sobre os ombros.