O Estranho Caso de Dr. Jekyll e Mr. Hyde - Cap. 9: Capítulo 9 Pág. 69 / 102

Aqui e ali, havia uma breve anotação apensa a uma data, onde surgia quase sempre uma única palavra: «duplo», porventura em seis ocasiões, num total de várias centenas de entradas e uma vez, logo no início da lista, seguida de vários pontos de exclamação, as palavras: «fracasso total!!!» Tudo isto, apesar de me despertar a curiosidade, pouco me dizia de definitivo. Tinha diante de mim uma ampola com uma tintura qualquer, um pacote de um determinado sal e o registo de uma série de experiências que não haviam conduzido (à semelhança de muitas das investigações de Jekyll) a qualquer resultado com utilidade prática. De que modo a presença daqueles artigos em minha casa poderia afectar a honra, a razão ou a vida do meu caprichoso colega? Se o seu mensageiro podia ir a um local, por que motivo não podia ele ir a outro? E mesmo que houvesse algum impedimento, por que teria eu de receber este cavalheiro em segredo? Quanto mais reflectia, mais se avolumava a minha convicção de que estava a lidar com um caso de doença cerebral; e, embora tivesse mandado os criados para a cama, carreguei o meu velho revólver, para a eventualidade de me ver em situação de legítima defesa.

Mal as doze badaladas da meia-noite ecoaram sobre os céus de Londres, o batente da porta soou muito ao de leve. Eu próprio fui abrir e vi um homem de baixa estatura, debruçado sobre os pilares do pórtico.

- Vem da parte do Dr. Jekyll? - perguntei.

Disse-me que sim por meio de um gesto brusco; quando o convidei a entrar, não me obedeceu sem que antes se voltasse para trás e lançasse um olhar de relance na escuridão da praceta.





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