As memórias de Sherlock Holmes - Cap. 11: O Problema Final Pág. 261 / 274

Apanhei, então, um carro de praça e fui para casa do meu irmão, onde passei o resto do dia. E agora, quando vinha para aqui, fui atacado, no caminho, por um facínora com um cacete. Dominei-o e a polícia tem-no já sob custódia. Mas posso dizer-lhe, com a mais absoluta certeza, que jamais será feita qualquer ligação entre o cavalheiro em cujos dentes descasquei os nós dos meus dedos e o matemático aposentado que está, suponho, a resolver problemas numa ardósia a dez milhas de distância. Agora já não se admirará, Watson, de que o meu primeiro cuidado ao chegar aqui tivesse sido fechar as portadas e pedir-lhe, depois, que me permitisse sair de sua casa por um sítio menos distinto do que a porta da frente.

Admirei muitas vezes a coragem do meu amigo, mas nunca como naquele momento, quando se sentou, muito calmo, a desfiar aquela série de incidentes que se combinavam para compor um dia de horror.

- Vai passar a noite aqui, Holmes?

- Não, meu amigo. Seria um hóspede perigoso. Já tracei os meus planos e tudo correrá bem. As coisas já chegaram tão longe que podem agora prosseguir sem mim até à prisão do bando, embora a minha presença seja necessária para a prova de culpabilidade. É pois evidente que o melhor que tenho a fazer é ausentar-me por uns dias, precisamente os que restam para a polícia ter liberdade de acção. Entretanto, seria para mim um grande prazer se você pudesse vir comigo para o continente.

- A clínica está muito calma - respondi - e tenho um vizinho prestável. Teria muito prazer em ir consigo.

- Parece-lhe que podemos partir amanhã de manhã?

- Se for necessário...

- Sim, é mais do que necessário. Vou até dar-lhe algumas instruções que, peço-lhe, meu caro Watson, que cumpra à risca, porque você está agora num jogo de enganos contra o bandido mais inteligente e o sindicato do crime mais poderoso da Europa.





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