Admirei muitas vezes a coragem do meu amigo, mas nunca como naquele momento, quando se sentou, muito calmo, a desfiar aquela série de incidentes que se combinavam para compor um dia de horror.
- Vai passar a noite aqui, Holmes?
- Não, meu amigo. Seria um hóspede perigoso. Já tracei os meus planos e tudo correrá bem. As coisas já chegaram tão longe que podem agora prosseguir sem mim até à prisão do bando, embora a minha presença seja necessária para a prova de culpabilidade. É pois evidente que o melhor que tenho a fazer é ausentar-me por uns dias, precisamente os que restam para a polícia ter liberdade de acção. Entretanto, seria para mim um grande prazer se você pudesse vir comigo para o continente.
- A clínica está muito calma - respondi - e tenho um vizinho prestável. Teria muito prazer em ir consigo.
- Parece-lhe que podemos partir amanhã de manhã?
- Se for necessário...
- Sim, é mais do que necessário. Vou até dar-lhe algumas instruções que, peço-lhe, meu caro Watson, que cumpra à risca, porque você está agora num jogo de enganos contra o bandido mais inteligente e o sindicato do crime mais poderoso da Europa.