As memórias de Sherlock Holmes - Cap. 1: O Estrela de Prata Pág. 29 / 274

O ópio foi acrescentado depois de se ter separado o prato para o rapaz do estábulo, visto que os outros comeram a mesma coisa, sem maus resultados. Qual deles, então, teve acesso à travessa, sem que a criada visse?

»Antes de decidir essa questão, concentrei-me no facto de o cão não ter ladrado, porque uma conclusão verdadeira sugere sempre outras. O incidente de Simpson indicava que o cão não saíra dos estábulos e, no entanto, não ladrara o suficiente para acordar os moços que dormiam no sótão, apesar de alguém ter entrado e levado um dos cavalos. Torna-se assim natural que o visitante daquela noite fosse uma pessoa que o animal conhecesse muito bem.

»Nessa altura já eu estava convencido, ou quase, de que fora John Straker quem, pela calada da noite, descera aos estábulos e tirara de lá o Estrela de Prata. Mas com que fim? Evidentemente com um fim desonesto, pois de outro modo não se compreendia que tivesse narcotizado o moço do seu próprio estábulo. Todavia não era fácil saber porquê. Tem havido casos de treinadores que se apossam de grandes quantias de dinheiro, opondo-se, por meio de agentes, aos seus próprios cavalos, impedindo-os fraudulentamente de ganhar. Às vezes, é um jóquei que trata de os refrear na corrida; outras, qualquer tratamento mais seguro e subtil. E no nosso caso? Esperava que o material encontrado nas algibeiras de Straker me auxiliasse a chegar a uma conclusão. E assim foi.

»Não esqueceram, com certeza, a faca que foi encontrada na mão do morto, faca, aliás, que nenhum homem sensato escolheria como arma. Era, como nos disse o Dr. Watson, um tipo de faca usada nas mais delicadas operações cirúrgicas. E para falar verdade, também naquela noite se ia proceder a uma delicada operação.





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