- O malandro! O miserável! - rugiu o coronel.
- E eis a razão por que John Straker quis levar o cavalo para a charneca. Um animal vivo teria certamente acordado o mais pesado dorminhoco quando sentisse a picada da faca. Era absolutamente necessário fazê-lo ao ar livre.
- Tenho estado completamente cego - lamentou-se o coronel. É capaz de ter sido por isso que precisou da vela.
- Sem dúvida. Mas, ao examinar os seus objectos particulares, tive bastante sorte em descobrir não só o método do crime como até o móbil. Como homem do mundo, coronel, o senhor sabe que não se trazem nos bolsos as contas dos outros; as nossas são mais do que suficientes. Concluí logo que Straker levava uma vida dupla e mantinha uma segunda casa. A natureza da conta revelou que havia uma senhora no caso e uma senhora de gostos dispendiosos. Mesmo liberal como é para com os que o servem, coronel, não deve esperar que um empregado seu pudesse comprar para a mulher um vestido de passeio de vinte guinéus. Interroguei Mrs. Straker a respeito do vestido, mas ela negou possuí-lo, o que me alegrou, porque provava que ele nunca lhe chegara às mãos. Tomei então nota do endereço da modista, certo de que, com uma fotografia de Straker, poderia com facilidade explicar o mistério Derbyshire.
»Dai em diante, tudo foi claro. Straker levou o cavalo para uma cova de onde a sua luz não fosse visível.