IV
Ao pé dessas janelas recortadas,
Em que inda o tempo conservou resquícios
Dos já pintados vidros, fresta escassa
Dá luz medonha à escuridão sombria
De fétidas masmorras inda inteiras,
Mais duradoiras que os salões dourados:
Como se a idade, que destruiu palácios,
Memórias de prazeres, luxos, pompas,
Catasse mais respeito a tais vestígios
De atrocidade e crimes, - e escrevesse,
Ao passar, com a fouce enferrujada,
No limiar dessas portas: Escarmento
Às gerações porvir. - Doía-me alma
Na solidão das ruínas; e a lembranças
Mais gratas me fugia o pensamento,
Para os vergéis da pátria esvoaçando.
V
Oh! nobres paços da risonha Sintra
Não sobre a roca erguidos, mas poisados
Na planície tranquila, - que memórias
Não estais recordando saudosas
Dos bons tempos de Lísia! Nem seteiras
Nem torreões nem barbacãs nem fossos.