Camões - Cap. 7: CANTO SÉTIMO Pág. 129 / 177

XXIII

Ausente é o sposo: solitária vaga

Pela várzea de flores recamada,

No pensamento alheado revolvendo

Ledos enganos d’alma, suavíssimas

Lembranças do passado, e a mais suave,

Lisonjeira esperança do futuro.

Oh! quando ela outra vez naqueles braços

O tornar a apertar, quando... Armas soam

De cavaleiros, e corcéis nitrindo

Nos átrios do palácio... Escuta... É ele,

O seu Pedro, oh ventura! - «Esposo, esposo!»

Mas pelo ausente esposo o pai responde.

O amante não vem: juiz severo,

Pelos beijos d’amor, lhe traz castigo

Que não merece amor, nem quando é crime.

XXIV

Cos filhinhos, em vão banhada em pranto,

Súplice implora os bárbaros. O ferro

Embebem crus no peito cristalino;

E as vivas rosas, que das faces fogem,

Pela ferida a borbotões se esvaem.





Os capítulos deste livro