XV
Harpa sublime que n’altura soas
Das cumeadas da glória, harpa que os hinos
Fatídicos, nos ecos alongados
Do porvir enublado, obscura tanges,
Donde só vagos sons confusos coam
Na terra, esperdiçados por vulgares
Orelhas d’homens, - harpa misteriosa!
Clara te ouvia o vate sublimado
Quando as notas proféticas repete
Na remontada lira. - Etérea ninfa
Os porvindouros feitos e virtudes
Dos heróis Lusos no domado Oriente
Ao céu com doce voz está subindo.
XVI
Já voadores lenhos povoando
O vasto oceano que lhe abrira o Gama,
O senhorio dos frementes mares
Vitoriosos ocupam. Reis que ousados
A orgulhosa cerviz não dão ao jugo,
Do braço provarão que, forte e duro,
Os faz render-se a ele ou logo à morte.
O grão Pacheco, o lusitano Aquiles,
No passo Cambalão soberbas naires
Do Samorim potente desbarata:
Por vezes sete em áspera batalha
Triunfa em terra e mar.