Camões - Cap. 8: CANTO OITAVO Pág. 142 / 177

XV

Harpa sublime que n’altura soas

Das cumeadas da glória, harpa que os hinos

Fatídicos, nos ecos alongados

Do porvir enublado, obscura tanges,

Donde só vagos sons confusos coam

Na terra, esperdiçados por vulgares

Orelhas d’homens, - harpa misteriosa!

Clara te ouvia o vate sublimado

Quando as notas proféticas repete

Na remontada lira. - Etérea ninfa

Os porvindouros feitos e virtudes

Dos heróis Lusos no domado Oriente

Ao céu com doce voz está subindo.

XVI

Já voadores lenhos povoando

O vasto oceano que lhe abrira o Gama,

O senhorio dos frementes mares

Vitoriosos ocupam. Reis que ousados

A orgulhosa cerviz não dão ao jugo,

Do braço provarão que, forte e duro,

Os faz render-se a ele ou logo à morte.

O grão Pacheco, o lusitano Aquiles,

No passo Cambalão soberbas naires

Do Samorim potente desbarata:

Por vezes sete em áspera batalha

Triunfa em terra e mar.





Os capítulos deste livro