Camões - Cap. 10: CANTO DÉCIMO Pág. 163 / 177

IV

De tal resolução ignaro o vate

A Lisboa chegara; o paço busca,

Ninguém o atende; o virtuoso Aleixo

Procura... No palácio já não vive:

Tão livre sustentou, tão nobre e firme

Seu parecer contra a jornada infausta,

Que irado Sebastião de si o aparta;

E triunfando da virtude a intriga,

Por traidor e revel, ao cego jovem

Seus inimigos infames o afiguram.

Triste deixou as casas venerandas

De seus reis, onde quase um sec’lo o viram,

Não coitar-se na púrpura, mas dar-lhe

Mais brilho e honra com leais virtudes.

V

Ao guerreiro cantor foi esta nova

Triste presságio, corte d’esperanças.

Corre audiências em vão; - vazio é o trono.

Frio ministro em nome do monarca

Ouve indiferente as súplicas do povo.

Entre a ignorada turba é confundido

De tristes, desprezados pretendentes

O divino Camões.





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