Nas cavernas do peito refalsado
Ódio cego lh’entrou; os beiços roxos,
Áridos com a sede da vingança,
Mordem convulsos. Nunca tão terrível,
Nua a verdade lhes mostrou seus crimes,
Como na boca desse vate ousado.
III
Vingar-se é força; mas vingança negra,
Feia e covarde a querem. - «Sem amigos,
Sem protectores, pobre, sem arrimo,
À indigência, à miséria aí sucumba,
E de sua ousadia o crime expie.»
Assim no coração lhes fala o ódio;
E o cumpriram assim. Todo no apreste
Da jornada fatal andava o ânimo
Do malfadado moço que em sua cólera
Rei dera o céu ao povo lusitano.
Só armas cura, só vitórias sonha:
Geme entanto a nação, quase pressaga
Do desastre que a aguarda. Em Sintra fora
Resolvida afinal pronta partida,
Que o monarca impaciente apressurava.