Camões - Cap. 10: CANTO DÉCIMO Pág. 170 / 177

- Mas a mão tremente,

Encarquilhada e seca já sobre eles

Ia estendendo a pálida indigência;

E a fome... a fome alfim. - Clamor pequeno

Que de minhas endechas ténue soa,

Se junte aos brados das canções eternas

Com que o teu nome, generoso António,

Já pelo mundo engrandecido ecoa.

Vêde-o, vai pelas sombras caridosas

Da noite, de vergonhas coitadora,

De porta em porta tímido esmolando

Os chorados ceitis com que o mesquinho,

Escasso pão comprar. Dai, Portugueses,

Dai esmola a Camões. Eternas fiquem

Estas do estranho bardo memorandas,

Injuriosas palavras, para sempre

Em castigo e escarmento conservadas

Nos fastos das vergonhas portuguesas.

XV

Não pode mais o coração coa vida;

E lenta a morte co enfezado sangue

Caminho vem do peito. O espaço mede

Que lhe resta na arena da existência;

Perto a barreira viu.





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