A noite era formosa,
Clara e brilhante a lua. Oh! que memórias
N’alma do vate, esse astro, a hora, o sítio
Não suscitam amargas? Perto passa
Daquela gelosia, aquela mesma
Donde os doces penhores, donde a carta
Recebera fatal. Quão demudada,
Quão diferente está do que já a vira,
Essa praia tão plácida e saudosa!
Um plátano frondoso que i crescia,
Em cujo liso tronco tantas vezes
Se encostou, aguardando a hora tardia,
- Prazo dado d’amor, que é tardo sempre!
Cuja sombra, em luar pouco propício
A amantes, o ocultou de agudas vistas
De curiosos profanos e inimigos...
Ai! seca jaz em terra, e despojada
De viço e folhas a árvore querida.
Tudo, tudo acabou, menos a mágoa,
Menos a saudade que o consome.
XIV
Sua pobre habitação os dous entraram;
E tristes horas, dias, meses passam
Arrastados e longos, - qual o tempo
Para infelizes anda - sem que a sorte
Mais ditosos os visse, ou a amizade
Menos unidos.