Camões - Cap. 10: CANTO DÉCIMO Pág. 172 / 177

. Oh! não te chamarei ingrata;

Sou filho teu: meus ossos cobre ao menos,

Terra da minha pátria, abre-me o seio.

XVII

«Vivi: que me ficou da vida, agora

Que baixo à sepultura? Não remorsos,

Vergonhas não. Para a corrida senda

Sem pejo os olhos de volver me é dado,

E tranquilo direi: vivi; - tranquilo

Direi: morro. Não dormem no jazigo

Os ossos do malvado? Não: contínuo,

Na inquieta campa estão rangendo

Ao som das maldições, deixa de crimes,

Legado ímpio dos maus. Eu sossegado

Na terra de meus pais hei-de encostar-me...

XVIII

«Já me sinto ao limiar da eternidade:

Véu que enubla, na vida, os olhos do homem,

Se adelgaça; rasgado, os seios me abre

Do escondido porvir... Oh! qual te hás feito,

Mísero Portugal!... oh! qual te vejo,

Infeliz pátria! Serves tu, princesa,

Tu senhora dos mares!.





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