Camões - Cap. 2: CANTO SEGUNDO Pág. 39 / 177

Ergue obeliscos,

Amontoa pirâmides; - embalde!

Livra um mármore só do esquecimento:

É a memória do prestante feito

Que as idades lembradas vão guardando

De geração em geração na terra.

XIII

Ei-lo vai, entre as tácitas falanges

De enfileirados ossos caminhando

O atónito guerreiro; - ao cabo extremo

Desse arraial de mortos, dá cos olhos

No cortejo de dó que hóspede novo

Traz à morada eterna. A ponto o féretro

Ia baixar ao perenal encerro

Donde o não moverá senão a tuba

Terrível, quando o sol se erguer do oriente

A dar a extrema luz ao dia extremo.

Dobra o passo; inda é tempo. Argêntea chave

Laçada em fumo negro, um cavaleiro

Tinha na mão: o mais ilustre esse era

Ou o mais anojado: - uso sabido,

E venerada prática dos nossos.

Pela derradeira vez olhos de vivos

Verão a face lívida do morto

Que ao final poiso desce.





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