Ao longo vinha
Da solitária praia respirando
A fresca viração que mal das águas
Leve encrespava a superfície apenas;
Uma voz me chamou, - voz que em meu peito
Ouve inda o coração - voz doce e meiga,
Que nunca mais... oh! nunca mais na terra
Escutarei dos vivos... - volvo o rosto:
De baixa gelosia me acenava
Com um cândido véu, mais nívea e cândida,
Formosa e breve mão. Flutuando ao vento
O véu caiu, e a dextra desaparece.
IV
«Ergui-o palpitando: um nó o atava.
Trémulo o desabrocho - era oiro puro,
Oiro daquelas tranças tão queridas,
Rica jóia d’amor. Coa doce prenda
Vinha um bilhete: abri-o, li: - «Roubado
Foi este instante a bárbaros tutores.
Insensatos! vigia mais do que eles
Amor, que pode tudo. A minha glória,
Pu-la em teu coração; minha ventura,
Minha vida, o meu ser de ti confio.