Camões - Cap. 5: CANTO QUINTO Pág. 89 / 177

..

Rosa d’amor, rosa purpúrea e bela,

Quem entre os goivos te esfolhou da campa?

VI

«Oh gruta de Macau, soidão querida,

Onde tão doces horas de tristeza,

De saudade passei! gruta benigna

Que escutaste meus lânguidos suspiros,

Que ouviste minhas queixas namoradas,

Oh fresquidão amena, oh grato asilo

Onde me ia acoitar de acerbas mágoas,

Onde amor, onde a pátria me inspiraram

Os maviosos sons e os sons terríveis

Que hão-de afrontar os tempos e a injustiça!

Tu guardarás no seio os meus queixumes,

Tu contarás às porvindouras eras

Os segredos d’amor que me escutaste,

E tu dirás a ingratos Portugueses

Se português eu fui, se amei a pátria,

Se, além dela e d’amor, por outro objecto

Meu coração bateu, lutou meu braço,

Ou modulou meu verso eternos carmes.





Os capítulos deste livro