Camões - Cap. 5: CANTO QUINTO Pág. 94 / 177

cortei queridos nomes

D’amizade e d’amor, não hei-de um dia

Perguntar-vos por eles? Soletrando

Não irei pelas árvores crescidas

Os caracteres que, em tenrinhas plantas,

Pelas verdes cortiças lh’entalhara?

Oh! se inda eu vos verei! se os robres duros,

Se me guardam fiéis os seixos vivos

O humilde nome do esquecido vate

Que em dias de prazer - tão breves foram!

Dias de glória, ternas mãos gravaram!

XII

Há corações ainda que o conservam

Esse ignorado, - mal sabido nome.

Oh! sim que os há! Salvai, salvai, ó musas,

De meus escuros versos estas linhas,

Não para a glória - sonho vão de néscios!

Mas em memória, doce de guardar-se

Nalgum sensível peito. - Onde não gira

Meu sangue... - E o sangue quão diverso corre

Por veias que esquecidas não palpitam,

Desleais! coa memória, mas que rara,

Do infeliz, cujo seio enfraquecido

Sangue, como esse, alenta.





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