XI
Oh Sintra! oh saudosíssimo retiro
Onde se esquecem mágoas, onde folga
De se olvidar no seio à natureza
Pensamento que embala adormecido
O sussurro das folhas, co murmúrio
Das despenhadas linfas misturado!
Quem, descansado à fresca sombra tua,
Sonhou senão venturas? Quem, sentado
No musgo de tuas rocas escarpadas,
Espairecendo os olhos satisfeitos
Por céus, por mares, por montanhas, prados,
Por quanto há i mais belo no universo,
Não sentiu arrobar-se-lhe a existência,
Poisar-lhe o coração suavemente
Sobre esquecidas penas, amarguras,
Ânsias, lavor da vida? - Oh grutas frias,
Oh gemedoras fontes, oh suspiros
De namoradas selvas, brandas veigas,
Verdes outeiros, gigantescas serras!
Não vos verei eu mais, delícias d’alma?
Troncos onde eu