Camões - Cap. 5: CANTO QUINTO Pág. 96 / 177

Leva-to além das passadoras eras

Do bordo misterioso o eterno canto,

A harpa sublime agora pendurada

Nos louros do Pamiso, - onde um suspiro

De morte lhe quebrou a extrema corda

Que Eleutéria divina lhe afinara -

Do cantor que no alento derradeiro

Ouviram as cidades contendoras

Pelo berço d’Homero, em canção última

De moribundo cisne, o brado ingente

Alçar da glória aos filhos acordados

De Leónidas que dorme... Não, não dorme;

Vela, co escudo e lança em torno roda

Da arvorezinha tenra que plantaram

Lanças dos bravos. Lanças mil a ameaçam:

Resistirá? - ou do consórcio adúltero,

Ímpia liga da Cruz e do Crescente,

Nascerá monstro que a devore, a trague,

E a queimada raiz lhe exponha ao vento

Da atra ambição dos reis? - Morrei ao menos,

Filhos d’Heleno, perecei com ela.





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