O Principezinho - Cap. 5: Capítulo 5 Pág. 13 / 78

janelas e pombas no telhado... ", as pessoas grandes não a conseguem imaginar. É preciso dizer-lhes: "Hoje vi uma casa que custou vinte mil contos." Então, já são capazes de exclamar: "Mas que linda casa!"

Assim, se lhes disserem: "A prova de que o principezinho existiu é que ele era encantador, é que ele se ria e queria uma ovelha. Querer uma ovelha é a prova de que existe", as pessoas grandes encolhem os ombros e chamam-vos crianças! Mas se lhes disserem: "O planeta donde ele vinha era o asteróide B 612", as pessoas grandes ficam logo convencidas e não se põem a fazer mais perguntas. As pessoas grandes são assim. Não vale a pena zangarmo-nos com elas. As crianças têm de ser muito indulgentes para as pessoas grandes.

Mas nós, nós que entendemos a vida, claro que nos estamos bem nas tintas para os números! Eu gostava era de ter começado esta história como um conto de fadas. Assim:

"Era uma vez um principezinho que vivia num planeta pouco maior do que ele e precisava de um amigo... " Para quem entende a vida, era de certeza um começo bem mais verosímil.

Porque eu não gostava que este livro fosse lido levianamente.

Custa-me tanto lembrar estas coisas! O meu amigo já se foi embora há seis anos com a sua ovelha. Se o tento descrever, é só para não me esquecer dele. É tão triste esquecermo-nos de um amigo! Nem toda a gente teve um amigo na vida! E depois, posso ficar como as pessoas grandes que já não se interessam senão por números. Foi também por isso que comprei uma caixa de tintas e lápis. E custa um bocado começar a desenhar na minha idade, ainda por cima quando as duas únicas tentativas anteriores, a da jibóia fechada e a da jibóia aberta, foram feitas aos seis anos!





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