Robinson Crusoe - Cap. 5: Capítulo 5 Pág. 76 / 241

4 de Maio. - Fui pescar; desgostoso por não ter apanhado qualquer peixe que me agradasse, preparava-me para abandonar o posto, quando apanhei um pequeno delfim. Tinha feito uma linha grande, mas carecia de anzóis; apesar de tudo, apanhava tanto ou mais peixe do que podia consumir, punha-o ao sol e, assim seco, comia-o.

5 de Maio. - Trabalhei no casco; cortei outro travessão. Tirei do convés três tábuas grandes de abeto e atei-as juntas para que a maré as levasse para a praia.

6 de Maio. - Voltei a trabalhar no casco, arranquei muitos parafusos e ferros velhos; tendo trabalhado muito, voltei bastante fatigado para casa, disposto a renunciar àquelas correrias.

7 de Maio. - Tornei ao buque sem o intuito de trabalhar; verifiquei que o casco se tinha encalhado e enterrado mais, como consequência, sem dúvida, de ter arrancado os dois travessões; parecia que iam desligar-se muitas peças, e o porão estava de tal modo aberto que se via todo o interior: mostrava-se cheio de areia e água.

8 de Maio. - Fui ao buque e levei uma alavanca de ferro, com a intenção de escavacar o convés, já desembaraçado da água e da areia; tirei duas tábuas, que a maré levou, deixando ali a alavanca para o dia seguinte.

9 de Maio. - Dirigi-me para o barco, e com o auxílio da alavanca pratiquei uma abertura no costado do casco, descobrindo muitos tonéis, que removi, sem poder tirar-lhes os fundos. Vi igualmente um grande rolo de chumbo da Inglaterra; cheguei a levantá-lo, mas era demasiadamente pesado para poder tirá-lo dali.

De 10 a 14 de Maio. - Visitei em todos estes dias o buque, e trouxe muitas aduelas, um grande número de tábuas e umas trezentas libras de ferro.

15 de Maio. - Levei duas machadinhas para ver se podia cortar um bocado de chumbo, aplicando-lhe o gume de uma e golpeando com a outra; mas como o rolo estava um pé e meio debaixo de água, foi-me impossível golpear bem sobre a outra machadinha para a fazer penetrar nele.





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