Robinson Crusoe - Cap. 6: Capítulo 6 Pág. 78 / 241

VI

18 de Junho. - Esteve todo o dia a chover, o que me impediu de sair. A água que caía era tão fria que me provocou uma impressão muito viva, pois ainda não tinha experimentado o frio naquela latitude.

19 de Junho. - Senti-me bastante mal, começando a tiritar como se fizesse muito frio.

20 de Junho. - Não pude dormir toda a noite e tive grandes dores de cabeça acompanhadas de um pouco de temperatura.

21 de Junho. - Senti-me muito mal, e aterrorizei-me imenso ao ver-me neste estado sem ter nenhum recurso nem socorro. Dirigi-me a Deus pela primeira vez desde o temporal de Hull, sem saber o que fazia nem porquê, tão confusos eram os meus pensamentos.

22 de Junho. - Senti-me um pouco aliviado, mas temendo sempre uma enfermidade grave.

23 de Junho. - Caí de novo doente, sendo acometido por calafrios, tremuras e uma violenta dor de cabeça.

24 de Junho. - Senti-me melhor.

25 de Junho. - Tive uma temperatura elevada; o acesso durou sete horas, com alternâncias de frio e calor, acabando com um suor copioso que me debilitou extraordinariamente.

26 de Junho. - Encontrei-me melhor e, como não tinha víveres, saí com a escopeta. Embora muito débil, matei uma lama, que arrastei com imensa dificuldade até à habitação; assei alguns pedaços e comi-os; teria desejado fervê-los e fazer algum pão, mas isso não foi possível porque não tinha nenhuma panela.

27 de Junho. - A febre tornou-se tão violenta que me vi obrigado a ficar na cama todo o dia, sem comer nem beber. Embora morresse de sede, estava tão fraco que nem forças tinha para me levantar e ir buscar água. Dirigi-me novamente a Deus mas, como estava a delirar - e quando o não estava era tão ignorante que não sabia que dizer - apenas pude exclamar:

- Senhor, voltai o olhar para mim; tende piedade de mim!

Suponho que continuei estas exclamações durante duas ou três horas, até que o acesso de febre me passou e adormeci.





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