As memórias de Sherlock Holmes - Cap. 7: O Corcunda Pág. 165 / 274

Mas, quando o fazia, pareceu-me melhor deixá-la só e fugir, porque a coisa podia ficar preta contra mim e o meu segredo desvendar-se-ia se fosse preso. Com a pressa, meti a chave no bolso e deixei cair a minha bengala enquanto procurava Teddy, que galgara uma persiana. Quando o meti na caixa, de onde ele se esgueirara, fugi, correndo tão depressa quanto me era possível.

- Quem.é Teddy? - perguntou Holmes.

O homem curvou-se e puxou para fora uma espécie de coelheira que estava no canto. E, num instante, saiu de lá uma bonita criatura castanho-avermelhada, débil e flexível, com pernas de arminho, nariz fino e comprido e um par dos mais delicados olhos que jamais vi na cabeça de um animal.

- É um mangusto! - exclamei.

- Há quem lhe chame assim, e outros chamam-lhe icnêumon - disse o homem. - Caça-cobras, é como eu lhe chamo, e Teddy é de uma rapidez admirável a atirar-se às serpentes. Tenho aqui uma, sem as presas, e Teddy caça-a todas as noites para divertir o pessoal na cantina. Mais alguma coisa, senhor?

- Bem, talvez o procuremos novamente, se Mrs. Barclay estiver em sérias dificuldades.

- Nesse caso, eu, sem dúvida, me apresentarei.

- Não havendo mais nada, não há necessidade de se armar tal escândalo contra um morto, embora tenha agido maldosamente, como agiu. O senhor tem pelo menos a satisfação de saber que durante trinta anos da sua vida a sua consciência o repreendeu pela sua acção vergonhosa. Ah!, Já vai o major Murphy do outro lado da rua. Adeus, Wood, quero saber se aconteceu alguma coisa de ontem para cá.

Tivemos tempo de alcançar o major antes de chegar à esquina.

- Ah! Holmes - disse ele. - Creio que você já soube que todo esse reboliço deu em nada.





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