As memórias de Sherlock Holmes - Cap. 1: O Estrela de Prata Pág. 31 / 274

Simpson, na sua fuga, perdeu a gravata e Straker guardou-a, talvez com a ideia de, com ela, amarrar a perna do cavalo. Uma vez no buraco, colocou-se atrás do animal e acendeu a vela. Mas o cavalo assustou-se com o brilho repentino e, com o estranho instinto dos animais, sentiu que estava em perigo. Atirou então um coice e a sua ferradura de aço feriu Straker, em cheio, na fronte. Este, a despeito da chuva, já tinha tirado a capa para executar mais facilmente a sua delicada tarefa e, ao cair, a faca rasgou-lhe a coxa.

- Admirável - gritou o coronel. - Admirável! Parece que o senhor esteve lá.

- A minha visão, confesso, foi de longo alcance. Conclui que um homem tão astuto como Straker não se arriscaria a esta delicada incisão do tendão sem previamente ter praticado um pouco. Mas como? Foi então que reparei nas ovelhas, cujo andar levemente coxo, em vez de me surpreender, provou apenas que as minhas suspeitas eram fundamentadas.

- O senhor tornou tudo perfeitamente claro, Sr. Holmes.

- Quando voltei a Londres, visitei a modista, que logo reconheceu em Straker um excelente freguês, cujo nome era, no entanto, Derbyshire, e tinha uma esposa vaidosa que adorava vestidos caros. Não me restam as menores dúvidas de que essa mulher o mergulhou em dívidas até às orelhas, levando-o a perpetrar aquele miserável plano.

- O senhor explicou tudo, com excepção de uma coisa - exclamou o coronel. - Onde estava o cavalo?

- Ah! Fugiu e foi tratado por um dos seus vizinhos. Mas neste caso parece-me que vamos ter necessidade de uma amnistia. Olhe, já chegámos ao entroncamento de Clapham, se não estou enganado, e em menos de dez minutos estaremos em Vitória. Se quiser fumar um charuto em nossa casa, coronel, terei todo o prazer em lhe comunicar outros pormenores que lhe possam interessar.





Os capítulos deste livro