Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 
> > > Página 151

Capítulo 8: Eneias em Apuros

Página 151

Assim falando, abraçou-se à esposa e, depois, reclinado no seu colo, adormeceu em plácido sono. Na manhã seguinte, já estava o deus na forja. Situava-se esta numa ilha pedregosa, ao lago da costa siciliano. Lá trabalhava ele na vasta caverna subterrânea. Lá lidavam os seus operários com os martelos e as bigornas. Os Ciclopes gigantescos, Brontes, Estéropes e Pirácmon tinham escavado galerias que traziam o fogo dos caldeirões do Etna para a forja divina. Nus até à cintura, trabalhavam sem parar para Vulcano, fazendo armas, escudos, trípodes, braseiros e muitas outras coisas, de acordo com os desejos dele. Agora enchiam grandes cadinhos com ferro, estanho e cobre, zinco, ouro e prata. Derramavam as torrentes flamejantes de metal derretido nos moldes ou mergulhavam-no, assobiando e fervendo, na água, para subjugar o seu calor abrasador e temperá-lo. Segurando as peças com as tenazes, batiam no metal macio com as marretas, dando-lhes forma antes que esfriassem. Virando-o daqui para ali, dali para aqui, faziam chover golpe após golpe, em ritmo alucinante.

Quando Vulcano, seu senhor e mestre da oficina, surgiu no meio deles achou-os entregues a muitas tarefas. Já tinham caldeado e polido parte dá um raio dos muitos que Júpiter arremessa por todo o céu sobre a terra Tinham juntado três porções de granizo, três de nuvem chuvosa, três dá fogo rutilante e três de vento impetuoso. Misturavam agora ao sinistro artefacto o terrível fragor do trovão. Noutra parte da caverna terminavam um carro de guerra de Marte, para que o deus percorresse a terra em sua rodas velozes, incitando os homens à luta. Outros poliam um escudo para Minerva, sobre o qual tinham esculpido em ouro a terrível cabeça de Górgona, de olhos a girar nas órbitas, um ninho de serpentes no alto da testa e línguas dardejantes.

Vulcano gritou-lhes, elevando a voz acima do estrondear da caverna:

— Largai tudo, suspendes os trabalhos começados, Ciclopes do Etna, e voltai a vossa atenção para mim. Tendes de fabricar armas para um valo roso guerreiro. Atacai a vossa tarefa com força, rapidez e perícia, nada dá demoras.

<< Página Anterior

pág. 151 (Capítulo 8)

Página Seguinte >>

Capa do livro Eneida
Páginas: 235
Página atual: 151

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
A Queda de Tróia 1
Partem os Troianos 20
Eneias Chega a Cartago 38
Eneias e Dido 57
Os Jogos Fúnebres 79
Eneias no Mundo das Sombras 102
Os Troianos Desembarcam na Itália 124
Eneias em Apuros 141
Os troianos são Cercados 157
A Assembleia dos Deuses 177
O Rei Latino Pede Paz 195
O Combate Final 215