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Capítulo 8: Eneias em Apuros

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E calou-se, pois já todos os operários da forja divina se aplicavam por igual e velozes ao trabalho. O bronze corria em rios, bem como o metal aurífero, e o aço homicida caldeava-se na gigantesca fornalha. Fizeram um formidável escudo para Eneias, capaz, só ele, de resistir a todos os dardos latinos, pois eram sete as laminas circulares unidos umas às outras. Manejavam os foles, despejavam o metal derretido, brandiam os martelos ou aplicavam as tesouras.

Enquanto o deus Vulcano apressava os trabalhos nas forjas do subsolo,  a benfazeja luz da aurora despertava Evandro no seu leito humilde e ele escutava o canto dos pássaros madrugadores. Levantou-se, cobriu o corpo com uma túnica, calçou os pés em sandálias rústicas e afivelou à cintura a espada. Saiu, precedido de dois guardas e dois caís. Lembrara-se da coro versa e do auxilio prometido aos troianos e dirigiu-se ao quarto de Eneias Este não era menos madrugador. Aproximou-se então o rei, acompanhado de seu filho Palas, de Eneias, que conversava com Acates. Apertaram-se as mãos direitas e começaram a conferência. Disse primeiro Evandro:

— Ilustre chefe troiano, sempre acreditei vossa vida salva do incêndio e da destruição de Tróia, como também sempre duvidei que estivésseis vencido. Sáo fracas as forças que vos podemos oferecer como auxílio. Estão, bem o sei, em desproporção com a glória de Pérgamo. É certo, entretanto, que as Parcas aqui te enviaram no momento oportuno! Não longe daqui eleva-se a sede de Agila, cidade antiga, fundada por um povo de raça lídia, sobre altos rochedos. Sabeis que a Letria é uma nação aparentada à vossa, pois a sua capital ficava próxima de Tróia. São experimentados na guerra e eram felizes e prósperos sob o governo de seus antigos reis. Tudo, entretanto, mudou, quando o cruel Mezêncio subiu ao trono. O seu caminho como governante está manchado de sangue. Para quê contar-vos as mortes abomináveis? Para quê narrar os bárbaros atentados do tirano contra a vida e a propriedade dos súbditos? Que os deuses lhe reservem os castigos merecidos! Chegou a inventar um novo género de torturas, fazendo ligar os vivos aos mortos por mãos e rostos, deixando-os apodrecer juntos, misturados em sangue e pus.

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Capa do livro Eneida
Páginas: 235
Página atual: 152

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
A Queda de Tróia 1
Partem os Troianos 20
Eneias Chega a Cartago 38
Eneias e Dido 57
Os Jogos Fúnebres 79
Eneias no Mundo das Sombras 102
Os Troianos Desembarcam na Itália 124
Eneias em Apuros 141
Os troianos são Cercados 157
A Assembleia dos Deuses 177
O Rei Latino Pede Paz 195
O Combate Final 215