De pé, na proa da nau-capitania, vinha Eneias, com o capacete refulgindo na cabeça, o penacho como que incendiado e o escudo reflectindo a luz do Sol como dardos de puro ouro. Turno, no entanto, tomou rapidamente a decisão de ocupar as praias antes que o inimigo desembarcasse e procurava inflamar o entusiasmo nas suas fileiras:
— A vós, que sempre desejastes aniquilar o inimigo, aqui se oferece uma esplêndida ocasião. O momento de combater está nas vossas mãos, ó soldados. Que cada um se lembre da sua esposa, da sua casa, dos seus filhos e dos seus feitos gloriosos noutras pelejas. Procurai imitar as acções dos nossos heróis. Corramos para a praia e ataquemos o inimigo enquanto este, desembarcando, está desordenado. A sorte é amiga da audácia.
E então, deixando parte dos homens a manter o cerco, avançou com os outros para enfrentar os Lídios que, com os navios a atingir já o mar raso, iniciavam o desembarque. Os guerreiros usavam todos os meios para chegar a terra firme. Uns esperavam o recuo da onda para saltar, outros escorregavam pelos remos, outros, ainda, mais felizes, desciam por pranchas.
Tarcão, um dos comandantes etruscos, vendo a demora e avistando um local onde o mar era mais manso, gritou pata a sua guarnição:
— Força, bravos remadores! Força nesses remos! Avançou rápido e embiquemos a nossa proa directamente na areia. Façamos a nossa quilha cavar um profundo sulco na terra inimiga. Se atracarmos bem, pouco me importarei se a barcaça naufragar.
Outros navios se seguiram na arremetida arrojada e a manobra foi feliz para todos, excepto para o barco do próprio Tarcão, que, batendo nu m cachopo submerso, lá ficou preso entre destroços de mastros, de remos e de bancos quebrados.