Avançando um pouco, assim se despediu Eneias:
— Os mesmos destinos horríveis da guerra chamam-nos para outras lágrimas. Adeus, adeus para sempre, ó grande Palas!
E, voltando, seguiu directo para o acampamento. Mas então já chegavam mensageiros da cidade latina trazendo ramos de oliveira e solicitando a Eneias que lhes restituísse os corpos dos mortos estendidos pelos campos, para que lhes dessem sepultura condigna.
Não há guerra — diziam — com soldados que já não respiram o ar do céu. Queriam homens que os ajudassem a construir piras para a cremação dos cadáveres, e que Eneias os perdoasse, a eles de quem até há bem pouco tempo o troiano recebia hospedagem e amizade. E respondeu-lhe então Eneias.
— Que má fortuna nos levou, ó homens do Lácio, a tão tremenda guerra? Dou-vos a paz aos mortos, porém mais alegremente a concederia aos vivos. Não teria aportado a estas praias, se a tal não me tivessem levado todas as predições dos oráculos e ordens dos deuses durante tantos anos de exílio. Nenhuma espada vos teria oposto, se não tivésseis aceitado os maus conselhos de Turno, rei da Rutúlia. Se assim o desejava, que nos movessem — ele e o seu povo, sozinhos — guerra contra nós, tratar os, sem ser preciso que vos trouxesse a vós, latinos, para o conflito, quebrando os nossos laços de amizade. Ide agora e queimai os vossos mortos. Aos nossos daremos o mesmo destino.
Silenciosos e cabisbaixos, os mensageiros do rei Latino ouviram a fala real e interrogavam-se uns aos outros com os olhos.