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Capítulo 12: O Combate Final

Página 233

Alegre com essas promessas, Juno, cessados os rancores e resignado o espírito, retirou-se para a sua morada, enquanto Júpiter voltava os seus pensamentos para o desenrolar do combate e procurava meio de afastar Juturna do lado do irmão.

Havia dois demónios, irmãs da Fúria Megera, nascidas da Noite no mesmo dia que aquela. Como a Megera e Alecto, esses horrendos monstros do Tártaro tinham por cabeleira milhares de serpentes venenosas que coleavarn e agitavam sem cessar os seus anéis asquerosos, Ao comando de Júpiter elas duas — nas suas asas rápidas como o vento — podiam levar a morte, a miséria, a pestilência, a doença ou qualquer outro mal imaginável aos pobres mortais ou engolfar as nações em lura suicida. O Todo-Poderoso enviou um desses entes demoníacos ao local onde Eneias e Turno pelejavam. Como uma seta embebida em mortal veneno, a Fúria cruzou os ares nas suas asas negras e, chegando à vista dos batalhões troianos e Ítalos, tomou a forma de pássaro, desses que à noite, pousando nas tumbas desertas do cemitério, agoura, pia e canta até tarde pelas sombras. Assim metamorfoseado, o demónio passava e repassava, voando em frente ao rosto do rótulo príncipe, enquanto este lutava e roçava também as suas asas no escudo do jovem. Um completo pavor deixou os membros de Turno sem comando e um estranho torpor e fraqueza foi-se apoderando deles. A sua pele eriçava-se e tremia, os seus cabelos levantaram-se e tão engolfado de medo ficou que a voz se lhe prendeu na garganta.

Juturna, que de longe reconhecera o bater de asas da Fúria, desesperada, chorava e, arrancando os cabelos e ferindo o próprio rosto, dizia:

— Ó irmão querido, em que mais te posso ajudar? Que artifício ainda poderei empregar para adiar o teu fim cruel? Posso eu, ninfa, opor-me a esse monstro infernal? Já deixo a batalha, ó Fúria, pois vejo que mão mais poderosa, a do próprio Júpiter, pousou sobre um dos pratos da balança e selou o destino de Turno. Bem conheço esse rufar de asas sinistras e sei que vens a mandado do Pai magnânimo. Ó Deus dos Céus, é isto que me dás em troca do amor tão livremente oferecido? Porque me concedeste a imortalidade? Pois se tal não fosse, eu também poderia pôr fim a tudo e acompanhar o meu irmão ao Reino das Sombras.

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Os capítulos deste livro:
A Queda de Tróia 1
Partem os Troianos 20
Eneias Chega a Cartago 38
Eneias e Dido 57
Os Jogos Fúnebres 79
Eneias no Mundo das Sombras 102
Os Troianos Desembarcam na Itália 124
Eneias em Apuros 141
Os troianos são Cercados 157
A Assembleia dos Deuses 177
O Rei Latino Pede Paz 195
O Combate Final 215