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Capítulo 1: A Queda de Tróia

Página 6

Neste momento mesmo, pois, demandam eles a Grécia, aproveitando o mar calmo e o vento forte. Antes, porém, aconselhado pelo sacerdote, construíram essa imagem à semelhança de cavalo, como penitência pela acção sacrílega. Entretanto, fizeram-na bastante alta para que, não passando nos portões, não pudésseis levá-la para a cidadela, onde daria protecção ao vosso povo. Augurou ele, ainda, que, se ousásseis violar esse presente à deusa, grande ruína se abateria sobre o império de Príamo (que os deuses virem esse presságio contra o próprio Calcante!), mas que, se pelas vossas próprias mãos, conseguísseis introduzi-lo na cidade, r n t ao a Ásia toda seguiria em grande guerra até os muros das cidades gregas e enorme glória se reservaria a vossos netos.

Tão bem Sinão mentia e desfiava a sua teia de histórias, que todos nele acreditaram. Os seus suspiros e lágrimas conseguiram aquilo que a valentia de Aquiles, de Ulisses e de todos os gregos, em dez anos, não tinha conseguido.

E, para maior peso e veracidade das palavras falsas do grego, outro prodígio aconteceu e fez a todos estremecer de horror. Laocoonte, sacerdote de Neptuno, com os seus dois filhos, imolava um grande touro, junto aos altares sagrados. E eis que duas serpentes, de enormes espirais, surgiram do mar calmo, da direcção de Ténedos, e, nadando, se aproximaram velozmente da praia. Os seus ventres cortavam as ondas e as suas cristas sanguíneas elevavam-se acima das águas, com enorme ruído e espuma. Alcançaram a costa e seguiram pelo campo, os olhos tintos de sangue e fogo. E as línguas, vibrantes nas bocas, sibilavam horrendamente. Pálidos de medo, os troianos recuaram, enquanto os monstros avançavam directamente para onde se achava Laocoonte. Cada uma das serpentes atacou um dos meninos e logo, enroscando-se nos pequenas corpos, lhe devoraram-lhes os membros. Atacaram, então, Laocoonte — que viera em socorro dos filhos com lanças—, apertando-o com os seus fortíssimos anéis, dois no corpo e dois no pescoço, enquanto lhe derramavam na cabeça sangue podre e veneno negro. Soltando gritos horrendos — qual touro que foge do altar ferido no pescoço por machadada mal desferida—, o sacerdote procurava desenvencilhar-se daquele incrível aperto e estendia os braços para os astros. Depois de um derradeiro arranco que lhe esmagou o tórax, as duas serpentes rastejaram para a parte mais alta do templo e lá se ocultaram no escudo e nos pés da imagem da cruel deusa.

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Capa do livro Eneida
Páginas: 235
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Os capítulos deste livro:
A Queda de Tróia 1
Partem os Troianos 20
Eneias Chega a Cartago 38
Eneias e Dido 57
Os Jogos Fúnebres 79
Eneias no Mundo das Sombras 102
Os Troianos Desembarcam na Itália 124
Eneias em Apuros 141
Os troianos são Cercados 157
A Assembleia dos Deuses 177
O Rei Latino Pede Paz 195
O Combate Final 215