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Capítulo 1: A Queda de Tróia

Página 7

Novo pavor se introduziu, então, em todos os corações. Diziam que Laocoonte pagara o crime de ferir com uma lança o cavalo sagrado. Exigiram todos que a estátua fosse conduzida ao templo da deusa, cuja protecção deveriam implorar. Enquanto uns derrubavam os arcos dos portões e abriam os muros, outros lançaram uma corda grossa ao pescoço da efígie. Com muitos a empurrar e a puxar, a máquina sinistra penetrou, cheia de homens e de armas gregos, na própria cidadela troiana. Em volta, moços e moças acompanhavam a multidão, cantando cânticos sagrados e brincando com a corda que arrastava o madeiro. Ó pátria, ó Tróia, residência dos deuses e invicta na guerra! Quatro vezes estacou o cavalo no limiar dos portões e outras tantas vezes saiu do seu bojo um som semelhante ao tinir de armas. Os troianos, todavia, surdos e cegos a tudo o que não fosse a sua intenção de fazer entrar o presente divino, nada ouviram e nada perceberam. Por toda a parte Se enfeita a cidade e o templo com ramagens festivas.
Apenas Cassandra, filha de Príamo e pitonisa, os advertia do perigo, predizendo dias negros para Tróia. Mas, tida por todos como meia louca, pouco se importaram com os seus vaticínios.

Entrementes, o céu escurece, trazendo a noite. Os troianos, dispersos pelas muralhas, entregaram-se ao sono, o primeiro repouso sossegado e tranquilo em muitos anos. A falange grega, então, partiu de Ténedos, aproveitando a escuridão. e demandou a costa, já tão conhecida. Da nau capitania brilhou um sinal luminoso e Sináo, à espreita, correu a soltar os guerreiros gregos da sua prisão voluntária no bojo oco do cavalo de madeira. Descendo por uma corda, saíram os chefes Tessandro e Estenelo, o cruel Ulisses e Acamante, Toante, Pirro, filho de Aquiles, e muitos outros. Também estavam escondidos o médico militar grego, Macáon, Menelau e o próprio inventor da armadilha, Epeu. Livres, correram para a cidadela, onde mataram os guardas entregues ao sono, abriram os portões e logo se juntaram às tropas, que, depois de desembarcadas, tinham avançado velozmente pela planura.

Nesse momento, os habitantes, cansados da grande movimentação do dia, estavam entregues à primeira fase do sono reparador, mas logo o rumor da batalha, os gritos dos homens em luta, e os lamentos e gemidos dos feridos ressoaram pelas ruas estreitas. A cidade inteira acordava.

Enquanto isso, Eneias, o mais bravo dos guerreiros de Tróia, que dormia em casa de Anquises, seu pai, sonhava que Heitor, filho de Príamo e morto por Aquiles em combate singular, lhe aparecia sujo, ensanguentado e de pés inchados, arrastado por dois cavalos a cujas rédeas estava amarrado.

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Capa do livro Eneida
Páginas: 235
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Os capítulos deste livro:
A Queda de Tróia 1
Partem os Troianos 20
Eneias Chega a Cartago 38
Eneias e Dido 57
Os Jogos Fúnebres 79
Eneias no Mundo das Sombras 102
Os Troianos Desembarcam na Itália 124
Eneias em Apuros 141
Os troianos são Cercados 157
A Assembleia dos Deuses 177
O Rei Latino Pede Paz 195
O Combate Final 215