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Capítulo 1: A Queda de Tróia

Página 8

Quão diferente era daquele outro Heitor que costumava voltar, triunfante, com os despojos gregos ou a atirar archotes acesos contra os navios inimigos! A barba esquálida, os cabelos colados pelo sangue e as muitas feridas que recebera, quando fora arrastado três vezes em torno dos muros da cidade, apareciam agora distintamente. Eneias, chorando, parecia dirigir estas palavras ao amigo:

— Ó luz de Tróia, ó esperança fiel, porque te demoraste? Donde vens, ó Heitor? Porquê esse horrível aspecto e por que razão te voltamos a ver, nós, cansados de luta, sofrimentos e mortes? Onde está a tua figura serena?

O fantasma de Heitor nem ouviu as palavras, nem respondeu a Eneias, e apenas disse, soltando do peito um gemido doloroso.

— Ai! Foge, ó filho de Vénus, e salva-te destas chamas! O inimigo está senhor dos muros e a cidadela cai. Toma os tesouros e os penares da pátria, reúne-te aos companheiros e, depois de percorrido o mar, procure acha local onde fundes novo reino!

Embora a casa de Anquises fosse retirada do centro da cidade e cercada de árvores protectores, o fragor crescente da batalha despertou Eneias, que, intrigado, subiu ao terraço mais alto para olhar ao longe. Vislumbrou, claramente, vários incêndios que ardiam e escutou o tumulto que reinava. Qual pastor que pára estupefacto no alto de um rochedo, quando a chama se lança na seara, soprada pelos ventos furiosos, ou quando rápida torrente transbordando do leito, alaga os campos, arruma as sementeiros vice jantes e as lavouras preparadas e arrasta as árvores arrancadas dos bosques, também assim ficou Eneias no seu posto. Abriram-se-lhe as portas da verdade e percebeu então a cilada dos gregos.

Já o palácio de Deífobo fora presa das chamas e também o de Ucalegonte, que Ihe ficava próximo. O céu reflectia a luz dos incêndios até no próprio mar.

Num assomo de raiva, atirou-se pelas escadas e armou-se para o combate. Pouca esperança lhe restava, mas o seu espírito impelia-o a reunir os companheiros que pudesse e a lançar-se à luta. Só tinha um laivo dá esperança, que era o pensamento de como seria glorioso morrer de arma na mão, combatendo.

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Capa do livro Eneida
Páginas: 235
Página atual: 8

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
A Queda de Tróia 1
Partem os Troianos 20
Eneias Chega a Cartago 38
Eneias e Dido 57
Os Jogos Fúnebres 79
Eneias no Mundo das Sombras 102
Os Troianos Desembarcam na Itália 124
Eneias em Apuros 141
Os troianos são Cercados 157
A Assembleia dos Deuses 177
O Rei Latino Pede Paz 195
O Combate Final 215