III
Do Escorial a onça refalsada
Os negros fios da ambição urdia
Que, por mãos de vendidos conselheiros
Em labirinto escuro enrevezavam
Os descuidados passos do monarca.
Murmurava em silêncio malsofrido
Da nobreza real o escasso resto
Que do antigo despejo lusitano
Os francos sentimentos conservava.
Impera o fanatismo, a hipocrisia:
No profanado altar, fogueiras, vítimas,
Do oriente ao ocidente lhes afumam
O incenso da cobiça, e o vapor negro
De sangue e morte que regala os monstros.
Em taças de ouro, com prazer de tigres,
De lágrimas de viúvas se embriagam;
E os suspiros dos órfãos desvalidos,
Como deleite de suave música,
Os danados ouvidos lhes afagam.
IV
Eco antigo do nome lusitano
Memórias de Pachecos e Albuquerques
Sós continham ainda os inimigos
Do vacilante império.