Admirado
De ver trajar alfaias lusitanas
Às homéreas belezas, aos apuros
Das virgilianas graças, - mais ainda
De originais, de novas formosuras
Por antigos cantores não sabidas,
- Cantores que jamais cuidou possível
Igualar, exceder por arte humana -
Seu generoso natural ardente
Se lhe inflamou de nobre entusiasmo:
- «É obra tal (exclamou), tamanho engenho,
Tão nobre amor da pátria, tão sublime,
Árdua empresa, trabalho tão difícil
Não terá galardão? Quem há mer’cido
Tanto da pátria por espada e pena,
Ingrata a pátria o deixará sem prémio?
Irá mendigo e súplica implorando
A chatim mercador de ganho avaro,
O humildoso favor de que lhe aceite
Tal obra e tanta, por mesquinho preço
Que, porventura, nem lhe mate a fome
Nem lhe cubra a nudez - Oh!...» Resoluto
Toma o bordão, caminho vai de Sintra,
A Aleixo fala, expõe-lhe o triste caso,
Maravilhas que leu conta, e as virtudes
E assinalados feitos do homem grande
Que em vão apouca a sorte.