»
- «Sim, quero ouvi-lo,
Quero e desejo: não ignoro o preço
Das boas letras, nem dum raro engenho
A estima desvalio: em prol da pátria
Uns obramos coa espada; cumpre a outros
Coa pena honrá-la.»
- «Se honra a minha pena
Real senhor, a minha amada pátria,
Di-lo-ão sabedores e letrados.
Para servi-la... espada e braço tenho
Que por si falarão.»
- «Digna resposta
De português! Honrado sois, amigo.
Por tal vos tenho e quero; e abonos vejo
Em vosso rosto que voltar não usa
Da face do inimigo. - É este (disse,
Falando aos cortesãos) de quantos d’Ásia
Aqui vêm, o primeiro que não fala
Em suas cicatrizes.»
- «Bastas eram,
Senhor, as de Pacheco, e...»
- Eu não ignoro»
Asperamente el-rei o interrompia
«Os feitos de Pacheco.»
X
Olhos pasmados
Os cortesãos cravaram no soldado
Que tão crua verdade se afoitava
A proferir ali; algum já cuida
Que de escuro castelo a torre o aguarda,
Ou que ao menos.