IV
De tal resolução ignaro o vate
A Lisboa chegara; o paço busca,
Ninguém o atende; o virtuoso Aleixo
Procura... No palácio já não vive:
Tão livre sustentou, tão nobre e firme
Seu parecer contra a jornada infausta,
Que irado Sebastião de si o aparta;
E triunfando da virtude a intriga,
Por traidor e revel, ao cego jovem
Seus inimigos infames o afiguram.
Triste deixou as casas venerandas
De seus reis, onde quase um sec’lo o viram,
Não coitar-se na púrpura, mas dar-lhe
Mais brilho e honra com leais virtudes.
V
Ao guerreiro cantor foi esta nova
Triste presságio, corte d’esperanças.
Corre audiências em vão; - vazio é o trono.
Frio ministro em nome do monarca
Ouve indiferente as súplicas do povo.
Entre a ignorada turba é confundido
De tristes, desprezados pretendentes
O divino Camões.