queres pleitear ainda
Na igualdade terrível do sepulcro?
Desengano da morte, és tu acaso
Outro sonho dos míseros viventes?
Quem desenganas tu? - Viram de longe,
Caminho do mosteiro, os viajantes
Enfiar a porta máxima do templo
Ordem longa de tochas, baço lume,
Clarão triste de mortos. Sons perdidos
Do psalmear monótono lhes trouxe
A gemedora viração da noite;
E o ar pelos ouvidos lh’estremece
Com o dobrar das campas desentoadas.
II
Ruim agouro! Um saimento fúnebre
Ao regressar à pátria! Não se pôde
Conter do involuntário pensamento
O português viajante. Mal conhece
A intrepidez dos bravos esse louco
Terror do vulgo que estremece à vista
Dum gélido cadáver: costumados
A ver a face pálida da morte,
As agonias roxas, e o transido
Suor do passamento, - não se movem
Seus músculos tão fácil.